Tive o privilégio de trocar algumas palavras com o professor Paulo Blikstein, referêncial mundial em tecnologia na Educação. A princípio eu queria apenas comentar com ele sobre minha pesquisa de mestrado, mas no final ele me indicou um dos artigos mais legais que li nesse ano!
Fabricação Digital
na Escola
Semanas atrás tive o privilégio de conversar rapidamente com o professor Paulo Blikstein, grande referência em tecnologia na educação, atualmente pesquisador em Stanford. O assunto foi o FabLearn, conferência sobre criatividade e “fabricação” em Educação, organizado pela Universidade de Stanford. O objetivo principal do evento é discutir e apresentar novas tecnologias e metodologias para uma Educação mais “mão na massa”. Tópicos como cultura maker e fabricação digital norteiam as apresentações e trabalhos. Só o evento já seria motivo de sobra para compartilhar com vocês sobre esses conceitos, mas fiquei particularmente inspirado quando li o artigo “Digital Fabrication and ‘Making’ in Education: The Democratization of Invention” (Fabricação Digital e ‘Making’ na Educação: A Democratização da Invenção). Foi impossível não compartilhar, depois que ler algumas linhas, como essas do resumo do artigo:
A cada poucas décadas ou séculos, um novo conjunto de habilidades e atividades intelectuais tornam-se cruciais para o trabalho, convivência e cidadania – muitas vezes democratizar tarefas e habilidades antes só acessíveis a especialistas. Fabricação digital e “fazer” (‘making’) poderia ser um novo e importante capítulo neste processo de trazer ideias poderosas, letramento e ferramentas expressivas para as crianças. Hoje, a gama de conhecimento disciplinar aceito se expandiu para incluir não só a programação, mas também de engenharia e design.
Não há como não concordar, certo? O artigo completo pode ser lido aqui.
Criar = aprender!
Dentre as discussões mais relevantes, destaco trecho que trata da da questão ” Qual é a necessidade de Laboratórios de Fabricação Digital nas escolas?”. O termo Fabricação Digital pode ser compreendido como a criação de alguma coisa através de ferramentas digitais, como por exemplo, ferramentas para desenho, programação de computadores ou robótica pedagógica. A ideia majoritária é trabalhar o conhecimento multidisciplinar com crianças e jovens não só com Programação, mas também Engenharia e Design. O uso desses conceitos com o uso de ferramentas adequadas, pode proporcionar um ambiente poderoso para que crianças possam expressar suas ideias. Segundo o próprio autor do artigo, sobre esses laboratórios:
Percebi que fabricação digital tem o potencial de ser o ‘kit” de construção final, um lugar perturbador nas escolas onde os alunos poderiam com segurança fazer, construir e compartilhar suas criações. Eu projetei aqueles espaços para serem convidativos e de gênero neutro…
Ao ler “perturbador”, entenda como algo positivo. Perturbar um ambiente de ensino é ótimo, se essa perturbação tirar da zona de conforto os professores, fazendo que eles tragam coisas novas. Essas perturbação também é bom para os alunos, quando saem daquele modelo convencional, “quadradinho”. O objetivo desses laboratórios não é envolver só os alunos que tem um interesse grande por tecnologia de ponta, mas também os alunos que só querem tentar um projeto com o uso de tecnologia, ou melhorar algo que eles já estavam fazendo com fabricação digital. E ainda sobre os recursos tecnológicos, o autor ressalta:
Tanto a programação quanto a robótica pedagógica podem reforçar uma atividade existente, com um novo e poderoso meio de expressão.[…]
Expressar, essa é a ideia! Trazer essas ferramentas faz com que as possibilidades do aluno de se expressar aumente e se potencialize. Dar a oportunidade de um grupo de cabeças criativas expressar, ou seja, materializar algo concreto, pode ser a saída para um ensino moderno e inovador. Esse conceito de Fabricação Digital pode ser a solução de reunir dentro, de um formação fundamental, uma maneira divertida e despojada de unir criatividade, engenharia e conhecimento científico.
Imaginem o futuro profissional dessas crianças!
Agradeço ao professor Paulo Blikstein pela disponibilidade da conversa.
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