Certas iniciativas são de tirar nosso fôlego e nos dão energia para continuar querendo ser melhor a cada dia e fazer diferença no mundo que vivemos. Recentemente aqui no Fazedores, o Thiago Lima apresentou as próteses de membro inferiores que têm sido produzidas por impressão 3D mundo afora – pesquisa liderada por um pessoal da Universidade de Toronto – e que estão mudando a vida de quem não tinha chance de ter uma prótese convencional.

Uma outra iniciativa, conhecida como e-NABLE, segue a mesma linha e produz próteses de mãos e braços, transformando a vida dos que nasceram ou perderam parte de suas mãos ou braços durante a vida, e seguiam sem perspectiva de ter uma prótese tradicional por serem muito caras.

O projeto e-NABLE é uma organização sem fins lucrativos que foi criada no ano passado. O criador do projeto foi o Prof. Jon Schull, do RIT (Rochester Institute of Technology) nos Estados Unidos, que disponibilizou um software código aberto de simples uso e iniciou uma comunidade de voluntários no Google Plus.

Figura 1: Professor Jon Schull e um dos beneficiados pelo e-NABLE

O software depende de poucas medidas de parte da mão ou do braço do amputado para calcular o tamanho da prótese ideal, e gera o arquivo SLT (eSTereoLitografia) para a impressão 3D. Como o código é aberto, a comunidade de voluntários especialistas em design, engenharia ou software ajudam a incrementar modelos e o próprio sistema em velocidade delirante. Em resumo, o sucesso do projeto vem de uma combinação poderosa: código aberto + voluntariado + preço decrescente das impressoras 3D, o que as torna aos poucos cada vez mais acessíveis.

O site do projeto e-NABLE possui vasta informação com fotos e histórias de crianças felizes com suas próteses coloridas. Um mapa indica quem no mundo tem impressora 3D disposto a  imprimir e onde estão os que precisam de uma prótese. A ideia do mapa é encurtar caminhos e aproximar quem precisa de quem pode oferecer a impressão. Se você tiver uma impressora 3D e quer imprimir para o projeto, visite o site, se junte a comunidade e-NABLE no Google Plus, e ajude a mudar o mundo.

Para refletir sobre um futuro melhor ainda, quem sabe: pesquisas na área de próteses ortopédicas comentam que amputados tendem a preferir próteses o mais semelhante possível ao corpo humano – cor da pele e tamanho das mãos e braços proporcionais ao corpo, por exemplo. A causa disto é em parte o constrangimento em “ser diferente” e pelos preconceitos que acabam sofrendo. Próteses impressas em 3D parecem de brinquedo e são evidentes por suas cores e tamanhos. Você não acha que quanto mais pessoas que precisam de próteses utilizarem as impressas em 3D, a cultura do “ser diferente” pode mudar? Se a cultura muda, mais pessoas podem deixar de se sentir constrangidas por sua condição, e sofrerão menos preconceito. Se sofrem menos, servirão de modelo para quem resiste. O exemplo de quem apóia e de quem usa é o que falta para incrementar a mudança em “ser igual”.

Referências

Site do Projeto: http://enablingthefuture.org/

http://www.rit.edu/news/story.php?id=50573

https://www.youtube.com/watch?v=BX_joRTdke0

https://www.youtube.com/watch?v=vNBouy56yQc

https://www.youtube.com/watch?v=shFps8PRFbM

https://www.youtube.com/watch?v=JDkVTzD61Rk

https://www.youtube.com/watch?v=pgqEdqWa5jI

Fonte da figura 1:

http://static.boredpanda.com/blog/wp-content/uploads/2014/09/3d-printed-super-hero-prosthetic-limbs-enabling-the-future-14.jpg

Fonte da figura em destaque e da figura 2:  http://enablingthefuture.org/